Monday, August 23, 2004

Flowing

Peace, my mind wondering, my eyes gazing, my heart flying...

Nada muito novo, nem algo tão velho assim. Uma vontade finalmente saciada, um recomeço e vários fins. Cartas ao vento, figuras que falam, avisos, sinais, sonhos... Sempre eles, claros como sempre, seu chamado uma constante, reais e distantes, uma triste névoa. Sem mais pesadelos ou horas insones, sem mais preocupações ou anseios, lá permanece o imaginário e aqui eu fico. Fico só, acompanhada pela brisa, uma ronronar suave, um tecido leve a roçar a pele, a luz diáfana atravessando as borboletas multicores na janela. Cenário irreal, palpável mas evasivo. O que fazer se meus sonhos agora me parecem mais concretos do que aqui. Tenho paz, finalmente, não a paz de quem se esconde e espera a idade atormentado então pela juventude que sentiu se esvair do corpo então frágil e inábil, mas a paz precedida pela batalha, o descanso justo e merecido. Sei que a minha ainda não começou, porém sinto como se anos viessem antes, lembranças confusas de tempos passados. Assim, sinto seu caminhar, entrevejo seu sorriso, sua voz suave e convidativa chamando meu nome - ao menos assim me parece - ao longe entre as folhas da nova estação que se aproxima. O iverno já parece distante e chega a hora. Sentir-me aquecer novamente, saber-te crescendo, dar início ao que faltava e depois, aí sim os frutos me esperam.

Sunday, August 15, 2004

Tea with Honey

Agora a desejar sua presença de alguma forma, uma imagem reluzente que corta minhas retinas, um som entorpecido abafado pela distância, marcas, signos pálidos em contraste com o negro que te molda. Enquanto isso, fico aqui tomando meu chá com mel - viajando por linhas bem desenhadas como um refúgio para a imaginação, e te espero...

Escuro como tem que ser o meio de uma noite, no céu a cúmplice de sonos e sonhos se esconde mostrando apenas sua negra face. E eu, aqui, me recolho no vazio do meu quarto, no mundo vasto de pensamentos que vêm um atrás do outro, rápidos como raios reluzentes a cortar o céu, antes que o deus finalmente venha, me tome pela mão e me leve um pouco distante, ainda assim perto de tudo que acontece.
E lá, onde espera-se descanso e desligamento, você me aparece - novamente você... Por companhia apenas seu cão, um animal de porte grande, de um pêlo branco prateado que transmite toda sua imponência com o olhar, não aquele típico de um animal ou de uma fera, mas uma presença sábia e firme, que parece adentrar a mente e desvendar os pensamentos.
Assim abro os olhos, com uma dor surda na barriga, olhos turvos, corpo quente... sua figura ainda forte em minha lembrança, bem como a de seu companheiro. Repetidos peregrinos no meu mundo, a invadir meus sonhos e ocupar espaço em meus pensamentos.
Enfim volto à realidade.

Saturday, August 14, 2004

Caixa de Pandora

Sobre promessas e idéias. Sobre passos rápidos a apressar o tempo. Sobre fatos sucintos a resgatar o passado.

Seguem assim amontoados num emaranhado, numa massa disforme sem princípio nem fim. A caixa que retém prestes a se abrir, o que antes era um, partido e fragmentado se multiplica, espalha o caos e exige atenção. A divisão tão clara e enevoada ao mesmo tempo. O conhecimento do que se passa e o deslizar passivo de notas sobre o reflexo oblíquo e anguloso do tempo, que despedaçado refrata imagens distorcidas, confunde o ido com o por vir. Pontos marcados sobre o metal forjado e arranhado, sempre no mesmo ritmo intenso, incansável e perturbador.

As mesmas ações a história repetida e recontada por trovadores diversos. A necessidade de algo, alguém, um ponto de distúrbio nesse concerto de acordes anunciados. Algo mais, ao menos uma interrupção nesse círculo vicioso onde só se vêem atitudes e consequência sempre numa escala previsível e monótona. Onde está a partícula que falta, o que virá a perturbar essa pré-ordem estabelecida.

Não quero saber, ter conhecimento do que vc vai fazer daqui a dez anos, uma semana, agora. Quero possibilidades, quero a chance de não esperar, quero sofrer a arte de ser surpreendida. Só pra variar...