Wednesday, February 23, 2005

Puss in flip-flops

Esse post é pros meus ex/futuros alunos. criação de um dos meus xodós da turma de básico do semestre passado no fairy tales project... a produção segue da maneira que me foi entregue, a mim cabe o papel apenas de transcrever para a tela... espero que gostem... (ps.: a publicação desse texto especificamente não tem nada a ver com o fato de o personagem principal ser um gato... *rs...)

Once upon a time, there was a super cat who lived in Hawaii. He had a perfect life. He spent the whole day surfing and eating salmon. But there was a problem, he was a really lazy cat. When the people from the village went to the sea, he stayed on a hammock sleeping and drinking coconut water. Because of this, the people hated him and he had no friends.

One day, when the cat was surfing, he saw a white shark. He started fighting the shark. The people were worried, but the cat came out of the water holding the dead shark.

To celebrate, people decided to make a sand sculpture from the cat and he became a hero for the village. From this day on, he was know as "shark killer".

Tuesday, February 15, 2005

Evangelho

Dorival Caymmi

eta mundo que a nada se destina
se maior se faz mais se arruína
se mais que servir mais nos domina
se mais vida dá são mais os danos
se mais deuses há mais são profanos
esses pobres de nós, seres humanos

eta vida, essa vida de infelizes
quanto mais coração mais cicatrizes
do amor é que a dor cria raízes
de dentro do bem é que o mal trama
da felicidade cresce o drama
dessas tristes de nós, vidas humanas

eta tempo que em pouco nos devora
o pavio da vela apagará
quanto mais se partir tempos afora
mais nos tempos de agora se estará
e mais tarde quando o tempo melhora
a nossa mocidade onde andará?

eta morte que acaba tempo e vida
o mundo não conseguiu saída
é o fim mas pode ser o começo
e quem tenta fugir faz sempre o avesso
que quanto mais vidas se cultiva
mais a morte alimenta a roda-viva.

Sunday, February 13, 2005

vinte minutos

dentro do ônibus, as imagens seguem rápidas, tão rápidas quanto perdem sua forma para borrões de cores que se diluem e se misturam com as outras coisas ao redor... a janela embaçada deixa passar pouco da luz, embora o sol ainda se faça presente, envolta pelo cobertor de calor, abafado, dificultando ainda mais a respiração... piloto automático, não mais penso, não quero fazê-lo, evito parar e ver a situação como ela se apresenta... mesmo sem ter consciência do que acontece minhas pernas me erguem, o braço levanta a mão que segura os dedos, adormecidos ao toque indo em direção ao cordão, pronto...eles o puxaram...

os degraus parecem demasiados altos, despenhadeiros que se apresentam enfileirados na minha frente... meus pés tocam a rua, os olhos observam a coloração, de verde, para amarelo, finalmente vermelho... sigo olhando as pessoas que passam por mim, todas alheias, algumas apressadas com passos largos, outras sorridentes com as mãos tomadas por crianças saltitantes, elas se vão... eu também, independente de mim sou levada pra onde preciso ir... encaro o edifício, seus tijolos sobrepostos, o cimento frio a envolver a construção, os seus corredores, o cheiro característico do lugar onde se ganham esperanças ou espera-se que elas desapareçam por fim... observo aquele gigante sem alma, com o silêncio que te desperta a vontade de gritar, de reagir, de qualquer coisa que não seja apenas olhar e aceitar...

num segundo os pés que caminhavam param, atordoados com as lembranças... as palavras voam velozes, desenhando na mente a figura grotesca que aguardava lá dentro solitária... a ironia e a incongruência do que era antes com o que deve ser torna intragável apenas a idéia de tal situação... os pés, antes tão certos, agora recuam, as imagens vão ficando mais claras e fortes na minha mente... o que antes era convicção se transforma em revolta, e então em medo... vinte minutos... o tempo passou como se fosse gotas escorrendo por uma fina vidraça, onde vê-se seu movimento mas elas não conseguem te atingir... permaneci assim, impassível, durante vinte minutos, tentando me convencer, dobrar o que me segurava ali, na calçada...

derrota, segui pelas ruas da cidade, mais uma vez levada... os pensamentos sendo substituídos rápidos um pelo outro... ao que restaram somente um sentimento de impotência e covardia... a impossibilidade de consertar as coisas, de fazer com que saiam da maneira que queria, depois disso a incapacidade de aceitar, encarar o que quer que seja e enfrentar suas consequências... tudo isso por causa de um segundo que foi mais forte do vários de seus iguais somados, o davi do tempo que derrotou mais vinte minutos...