Wednesday, May 25, 2005

muralhas

"it's a truth universally acknowledged that" a single love can be as destructive as a nuclear weapon...
não adianta quantas pessoas falem que o amor é um sentimento nobre, que não há felicidade sem amor... basta uma ferida mal cicatrizada, uma passagem entreaberta dando espaço para um sentimento crescente e toda a idéia sublime se esvai... quantas vezes não se sofre, se machuca, e assim dilacerado, a primeira coisa q vem à mente é a tão temida caverna... o muro de sentimentos circundando a gente, a proteger-nos do mundo e ao mesmo tempo afastar-nos dele... a vontade de construir uma armadura que suporte os mínimos arranhões e as mais violentas tempestades... alguns investem bastante tempo e empenho em tal empreendimento, sem sequer perceber o alcance de tal atitude.. como um apoio para uma perna quebrada, essa proteção funciona bem ao cicatrizar feridas, mas depois de um tempo é necessário abrir mão de tal artefato e reaprender a caminhar sem apoio... depois de um tempo demasiado longo, ao invés de dar maior segurança, o recurso passa a impossibilitar um caminhar autônomo fazendo com que um trabalho maior seja desenvolvido... não se pode carregar algo tão pesado por toda jornada, muito menos se tornar dependente de uma invenção utópica para satisfazer a necessidade de se sentir inatingível, à prova de qualquer ferimento... ainda assim, corre-se o risco de descobrir que havia uma falha no projeto, q não se torna visível até q ele comece a ruir... então sem saber como ou porquê, a pessoa se descobre mais vulnerável do que nunca, a deriva num mar de emoções e sensações há tempos ignoradas por ela, sem saber como lidar com isso...
figura de linguagem pobre e texto confuso, o sono opera mais forte q a razão... o que me cabia dizer é que no final das contas é inútil, sempre terá alguém q qd vc menos espera, no momento que parece mais impróprio, sem o mínimo esforço, da forma mais suave que existe, irá despir a armadura e moldar seus sentimentos suave e irreversivelmente, e então nada mais restará a ser feito... deixo com cummings que fala em poucas linhas mais do que eu poderia dizer numa noite inteira...

.:para o meu gatinho ferido, a doce chuva de primavera que derrubou algumas tantas muralhas:.


somewhere i have never travelled, gladly beyond
any experience, your eyes have their silence:
in your most frail gesture are things which enclose me,
or which i cannot touch because they are too near

your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skilfully, mysteriously) her first rose

or if your wish be to close me, i and
my life will shut very beautifully, suddenly,
as when the heart of this flower imagines
the snow carefully everywhere descending;

nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility: whose texture
compels me with the colour of its countries,
rendering death and forever with each breathing

(i do not know what it is about you that closes
and opens; only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody, not even rain, has such small hands

1 comment:

  1. Anonymous2:14 PM

    Bom dia ninfa...

    É, realmente armaduras podem ser tão úteis quanto danosas... Difícil é se desfazer delas, quando o mundo parece te afetar mais do que tu gostaria...

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