Saturday, November 20, 2004

Game Over

Condutor, para o mundo que eu quero descer!


Blues do Elevador
Zeca Baleiro

ora quem é que não sabe
o que é se sentir sozinho
mais sozinho que um elevador vazio
achando a vida tão chata
achando a vida mais chata
do que um cantor de soul
sou eu quem te refresca a memória
quando te esqueces de regar as plantas
e de dependurar as roupas brancas no varal
só faz milagres quem crê que faz milagres
como transformar lágrima em canção
vejo os pombos no asfalto
eles sabem voar alto
mais insistem em catar as migalhas do chão
sei rir mostrando os dentes
e a língua afiada

2-blues do elevador
mais cortante que um velho blues
mas hoje eu só quero chorar
como um poeta do passado
e fumar o meu cigarro
na falta de absinto
eu sinto tanto eu sinto muito eu nada sinto
como dizia madalena
replicando os fariseus
quem dá aos pobres e empresta (2X)

adeus



Monday, November 08, 2004

Sonhos e Sombras

Linhas harmônicas, sons suavemente delineados no espaço que esse vazio ocupa. sem imagens a seguir os pensamentos, a atormentar os sonhos... sem sonhos.

Na madrugada vazia sinto seu peso deformar o colchão, na penumbra posso intuir o calor do seu corpo de encontro ao meu. Mais do que imaginação, com os olhos cerrados você continua lá, porém ao despertar completo do corpo sua alma me deixa.

O que fazer com essa visita insistente quando suas imagens e linhas deixam claro que ela não mais ocorrerá, não com a sua viajem novamente, não com seu corpo, carne e hálito presentes. Não mais a possibilidade de troca, de prazeres, de suor... No fim, acabei por ter apenas o imutável, apenas os meus sentidos e o seu toque leve como a brisa a ser levado com o mais suave suspiro embalado pelos raios de sol.

Não sabes agora, o quanto queria mais do que a lembrança do seu sorriso, mais do que o som da sua voz gravado em minha memória, sua insistência impertinente nos meus sonhos e agora nas minhas madrugadas qd desperta. Cada vez vc se torna mais presente, mesmo qd seu corpo, o homem, acredita não estar mais aqui, não ter mais importância... Num mundo de sombras, vc, meu fantasma, é o que tenho de mais real.

Sunday, November 07, 2004

Haunted House

Os eventos, a soma de erros, a sequência de não-decisões, os degraus que galgastes rumo à tua atual condição agora somem, deixando somente um vazio cercado de sombras e lembranças do passado que te atormentam cada vez mais, deixando claro que não tens mais por onde voltar. Saber-se incompleto, sentir-se oscilar, ter a consciência de que o fantasma que te tornastes assombra ninguém mais do que a ti próprio.

Como poderia um fantasma fazer qualquer escolha acertada que não você. Com um jeito fácil, uma maneira aberta e um magnetismo que prendem a gente - encantando a quem te ouve ao mesmo tempo que intimida...

Dificilmente fantasmas seriam ingratos, mais comumente mal-interpretados, talvez a falta de consistência do espectro, ou a fluidez com que se modifica sua forma venham a iludir a percepção de olhos desatentos ou desacostumados com esse mundo tão diferente daquele dos anjos.

Para exploradores de diversas realidades, contudo, tal façanha não deveria apresentar dificuldades. Fosse eu seu fantasma não me importaria de prestar esclarecimentos. Como cosiderar covardia,a ponto de não se ter coragem para cobrar o que era devido, uma escolha pode-se compreender, porém, incógnita se encontra ao acreditar-se tal escolha a melhor a ser feita.

Quando da partida, o fantasma, sem fonte de luz a manter sua silhueta, continua a pensar em qual momento poderia ele ter dispersado toda esperança trazida nos castanhos olhos do andarilho.

Monday, August 23, 2004

Flowing

Peace, my mind wondering, my eyes gazing, my heart flying...

Nada muito novo, nem algo tão velho assim. Uma vontade finalmente saciada, um recomeço e vários fins. Cartas ao vento, figuras que falam, avisos, sinais, sonhos... Sempre eles, claros como sempre, seu chamado uma constante, reais e distantes, uma triste névoa. Sem mais pesadelos ou horas insones, sem mais preocupações ou anseios, lá permanece o imaginário e aqui eu fico. Fico só, acompanhada pela brisa, uma ronronar suave, um tecido leve a roçar a pele, a luz diáfana atravessando as borboletas multicores na janela. Cenário irreal, palpável mas evasivo. O que fazer se meus sonhos agora me parecem mais concretos do que aqui. Tenho paz, finalmente, não a paz de quem se esconde e espera a idade atormentado então pela juventude que sentiu se esvair do corpo então frágil e inábil, mas a paz precedida pela batalha, o descanso justo e merecido. Sei que a minha ainda não começou, porém sinto como se anos viessem antes, lembranças confusas de tempos passados. Assim, sinto seu caminhar, entrevejo seu sorriso, sua voz suave e convidativa chamando meu nome - ao menos assim me parece - ao longe entre as folhas da nova estação que se aproxima. O iverno já parece distante e chega a hora. Sentir-me aquecer novamente, saber-te crescendo, dar início ao que faltava e depois, aí sim os frutos me esperam.

Sunday, August 15, 2004

Tea with Honey

Agora a desejar sua presença de alguma forma, uma imagem reluzente que corta minhas retinas, um som entorpecido abafado pela distância, marcas, signos pálidos em contraste com o negro que te molda. Enquanto isso, fico aqui tomando meu chá com mel - viajando por linhas bem desenhadas como um refúgio para a imaginação, e te espero...

Escuro como tem que ser o meio de uma noite, no céu a cúmplice de sonos e sonhos se esconde mostrando apenas sua negra face. E eu, aqui, me recolho no vazio do meu quarto, no mundo vasto de pensamentos que vêm um atrás do outro, rápidos como raios reluzentes a cortar o céu, antes que o deus finalmente venha, me tome pela mão e me leve um pouco distante, ainda assim perto de tudo que acontece.
E lá, onde espera-se descanso e desligamento, você me aparece - novamente você... Por companhia apenas seu cão, um animal de porte grande, de um pêlo branco prateado que transmite toda sua imponência com o olhar, não aquele típico de um animal ou de uma fera, mas uma presença sábia e firme, que parece adentrar a mente e desvendar os pensamentos.
Assim abro os olhos, com uma dor surda na barriga, olhos turvos, corpo quente... sua figura ainda forte em minha lembrança, bem como a de seu companheiro. Repetidos peregrinos no meu mundo, a invadir meus sonhos e ocupar espaço em meus pensamentos.
Enfim volto à realidade.

Saturday, August 14, 2004

Caixa de Pandora

Sobre promessas e idéias. Sobre passos rápidos a apressar o tempo. Sobre fatos sucintos a resgatar o passado.

Seguem assim amontoados num emaranhado, numa massa disforme sem princípio nem fim. A caixa que retém prestes a se abrir, o que antes era um, partido e fragmentado se multiplica, espalha o caos e exige atenção. A divisão tão clara e enevoada ao mesmo tempo. O conhecimento do que se passa e o deslizar passivo de notas sobre o reflexo oblíquo e anguloso do tempo, que despedaçado refrata imagens distorcidas, confunde o ido com o por vir. Pontos marcados sobre o metal forjado e arranhado, sempre no mesmo ritmo intenso, incansável e perturbador.

As mesmas ações a história repetida e recontada por trovadores diversos. A necessidade de algo, alguém, um ponto de distúrbio nesse concerto de acordes anunciados. Algo mais, ao menos uma interrupção nesse círculo vicioso onde só se vêem atitudes e consequência sempre numa escala previsível e monótona. Onde está a partícula que falta, o que virá a perturbar essa pré-ordem estabelecida.

Não quero saber, ter conhecimento do que vc vai fazer daqui a dez anos, uma semana, agora. Quero possibilidades, quero a chance de não esperar, quero sofrer a arte de ser surpreendida. Só pra variar...

Wednesday, July 28, 2004

Swan and Shadow

John Hollander

                       Dusk
                    Above the
               Water hang the
                                loud
                               flies
                            Here
                          O so
                         gray
                       then
                     What               A pale signal will appear
                    When           Soon before its shadow fades
                  Where        Here in this pool of opened eye
                  In us     No Upon us As at the very edges
                   of where we take shape in the dark air
                    this object bares its image awakening
                      ripples of recognition that will
                       brush darkness up into light
even after this bird this hour both drift by atop the perfect sad instant now
                         already passing out of sight
                      toward yet-untroubled reflection
                    this image bears its object darkening
                   into memorial shades Scattered bits of
                  light     No of water Or something across
                  water       Breaking up No Being regathered
                    soon        Yet by then a swan will have
                     gone         Yes out of mind into what
                       vast
                        pale
                          hush
                            of a
                             place
                              past
              sudden dark as
                   if a swan
                      sang 

 
como uma flor, balançada pelo vento, pétalas pelo ar. um toque gélido, o ar noturno e não mais. o inverno a se impor e quase a partir, o seu apogeu como os minutos que antecedem a aurora seguem perto, perto demais do seu sucessor. tão desolador quanto os últimos minutos da madrugada e rápido como o cair da tarde tingindo o céu em um arrebol. quando nada mais se esperava, pode-se de novo acreditar...

Tuesday, July 27, 2004

Um Conto de Inverno

Círculos de fumaça, espirais de fogo que giram incessantes sobre minha cabeça. Uma indefinição de imagens, uma vida em branco e preto. O que se fez do dia que despontava com suas cores e sorrisos, onde foram parar todas aquelas promessas?
Me perdi do mundo, meus sonhos se perderam de mim, ao invés do azul dos olhos segue-se o cinza pálido do céu de inverno. Enquanto isso tento te perceber, tão distante no seu refúgio frio, lá onde minha vontade não pode te encontrar.
Assim segue-se o tempo, os clarins soam numa melodia triste, anunciam a chegada de algo, ou seria a partida de tudo enfim. O apogeu do nada, no abismo da consciência só se sabe que não temos as respostas, talvez se um dia descobrirmos as perguntas certas ou o ser a quem perguntar. Talvez se o mundo diminuir e as distâncias sumirem. Talvez se um momento de epifania chegar e você reconsiderar. Talvez se mais uma vez... talvez...

Friday, July 23, 2004

Mares

nas marés aparentes me perco
encontrando mistérios,
seguindo névoas
abre-se espaço nesses mundos
dois mares
iguais e diferentes
complementos de um só
a luz que irradia seu sorriso
a sombra que percorre seu olhar
duas em uma
sempre mutante
não para
e assim suas marés seguem
num fluxo contínuo
num suave balançar

Vacation Time!

Bom dia pra um início de blog. Meu primeiro dia oficial de férias e eu não conseguia postar nada no meu blog antigo. Bem, nada que não se resolva facilmente...

Outra novidade é que a gerente me chamou pra conversar e me ofereceu duas turmas de preparatório(momento de surto!) sendo que uma das turmas é pra um exame que eu prestei tem dois anos...
Bem, depois de uma semana inteira freaking out, resolvi fazer um teste on line pra ficar mais tranquila. O resultado foi que eu passaria com "A" sem errar nenhuma questão... Lálalala. Não sou paranóica, eu estaria paranóica se tivesse errado alguma das questões...

Acho que não foi um início de férias muito convincente, de qualquer forma amanhã tenho um casamento pra ir, devo aproveitar bem...