ok, estou baixando a armadura pra escrever um post em portugues porque, sinceramente, nao teria nenhum sentido em qualquer outra lingua existente no globo... claro que sei que meus amigos brasileiros vao rir bastante com meu novo uso da lingua, mas acredito que vao ser gentis o suficiente (essa é especificamente pra ti, drico) para nao transformar a desertora em piada publica, ao menos nao na minha presença... ;)
o massacre de noticias negativas em relaçao ao brasil, mais especificamente o rio, ultimamente me fez pensar e lembrar de um rio de nao muito tempo atras... quando era interessante matar aula para ir à exposiçoes de arte no CCBB, seguidos de uma tarde caminhando na orla até cansar de ver o mar... quando shows do casuarina na fundiçao eram acompanhados de amigas e habibs de manha, com a cabeça doendo e os sentidos um pouco entorpecidos devido à maresia, os pés doendo de tanto dançar, o gurpo grudento por causa do clima tipico da cidade e um sorriso no rosto pra completar...
lembro do rio com as aulas de sabado virada depois de dormir e acordar umas tres vezes no metro, com os bailes-aula do CDAC quando se dançava com trinta parceiros diferentes ao som de samba de gafieira rindo o tempo todo com as piadas, os passes errados e aqueles miraculosamente certos... de comida japonesa entregue em casa, e de restaurantes que abrem pra almoço sò pra voce e o dono ainda senta à mesa junto pra te fazer companhia porque, afinal, vc é um cliente fixo... dificil nao pensar no poder restaurador da pedra do arpoador, quando tudo que era necessario para curar um coraçao maltratado era um por-do-sol, a cançao do mar , caneta e papel...
dificil ignorar a alma boemia, a solidariedade despreocupada e genuina, a leveza de ser... mais dificil ainda é acreditar que em algum momento tudo isso começou a deteriorar... ainda me recuso a acreditar totalmente... prefiro manter a imagem do rio nao corrompida pelo advento da modernizaçao do sistema de educaçao, das upps e melhorias para copa...
hoje me deu saudade do feijao com arroz, do sol, do samba... e ainda que tenha ido em vao procurar feijao, voltei pra casa munida de guaranà antàrtica, com uma disposiçao carioca no intimo e dançando sò ao som de mart'nalia... e vou guardando esse pedaço precioso onde fica protegido, pra ser passado adiante quando chegar a hora, pra ensinar a arte de sorrir despreocupada e de curar tudo (ou quase) com o som do mar...
Esse Rio ainda resiste no íntimo de quem é carioca de alma, Vanessa. Só que o Rio de fora foi assaltado, sequestrado, e morto por um povo ignorante que não sabe votar, que faz graça da sua burrice e que ostraciza quem pensa diferente. O carioca cordial morreu na época do Brizola, quando o morro era berço do samba e só; o rio de hoje é um rio deformado por cirurgias plásticas mal feitas enquanto morre de câncer.
ReplyDeleteO que matou o rio foi o carioca, por achar que só amar era o bastante, como numa peça do nelson.