Thursday, July 09, 2015

.:arquitetura e urbanismo:.

Sabe aqueles prédios antigos? Desses que sempre estiveram lá, que te fazem sorrir quando passa por eles por representar algo de bom, de imutável, por ser acolhedor no meio do caos crescente e insano da cidade que explode em barulho e confusão. Esse prédio é alento, a calma no olho do furacão.

Embora o prédio esteja lá, o que se sabe do prédio? Muito pouco, ou nada. Só a sua presença na paisagem é o suficiente para que estejamos satisfeitos com a sua existência. Para que se importar em restaurar o prédio de vez em quando? Ele está lá, imponente e resistente como sempre esteve. Inabalável na sua poesia leve.

Mas e se não for essa a realidade do prédio? Como saber se nunca nos preocupamos em entrar, visitar, conhecer o interior desse ícone que nos faz bem? Talvez, durante os anos, as pinturas que adornavam as paredes tenham adquirido cores desbotadas e tristes, os quadros tenham caído, a mobília tenha sido saqueada ou estragada por traças e cupins. De repente, os salões internos que antes abrigavam vida e cores tenham se enchido de pó e desolação, mantendo somento um espaço vazio e sem calor.

Quem sabe as fundamentas dessa construção tenham começado a ruir, afundando paredes divisórias e pavimentos, soterrando na escuridão cômodos agora vazios, que uma época ecoavam risos e carregavam histórias.

Ah, que ilusão indolente e orgulhosa pensar que algo se sustenta sem ciidados, sem atenção. O prédio que antes parecia inabalável existe apenas na fachada. Até que, o que era belo, começa a ruir. Como descobrir esse processo lento e silencioso observando de fora? O que pode indicar tal transformação cruel e incontrolável, que se insinua de forma tão sorrateira que nenhum passante desatento pode perceber?

E assim, sem aviso, sem porquê, um dia a fachada não existe mais, o que começou do interno se difundiu e transformou o edifício em escombros e pó. E o que era belo e forte agora não é mais.

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